quinta-feira

Os bastidores da notícia

A notícia:

Incêndio destrói loja na Tijuca

Um incêndio destruiu uma loja de utensílios para o lar na Praça Saens Peña, na Tijuca, zona norte, na noite de ontem. O fogo começou por volta das 21h, e bombeiros de cinco quartéis levaram cerca de três horas para controlá-lo. As causas do incidente ainda são desconhecidas, mas suspeita-se de um curto circuito. As chamas teriam começado no estoque da loja que fica no segundo andar do prédio.

Moradores de uma vila que fica atrás da loja tiveram que abandonar suas casas. Três mulheres, entre elas uma idosa de 94 anos, passaram mal, foram atendidas no local e liberadas. Um morador da Vila do Dragão disse que tentou impedir que o fogo avançasse sobre as casas utilizando uma mangueira.

- A janela onde molhei esteve bem perto de pegar fogo - afirmou.

O proprietário da loja, Enéas Freire, de 56 anos, chegou ao local cerca de meia hora após o início do incêndio. Acompanhado da mulher e dos filhos, ele disse que a loja não tinha seguro. A inspeção para risco de incêndio foi feita no estabelecimento há dois meses.

- Tenho essa loja há sete anos. Agora é reconstruir e voltar a trabalhar - disse, resignado.

A preocupação dos bombeiros, que contaram com a auxílio de sete caminhões-pipa, era evitar que o fogo se alastrasse para outras lojas e casas do entorno. Dona de uma casa colada à loja incendiada, Sônia Schaifer estava aflita:

- Ninguém mora lá, mas a casa está toda mobiliada. É uma sensação de impotência.



O bastidor:

Ontem estava conversando com a minha mãe na sala de casa quando ela avistou pela janela uma nuvem de fumaça vinda da Praça Saens Peña. Me deu vontade de ir lá, e eu fui. De bloco e caneta em punho, desci a Conde de Bonfim, seguindo o rastro da fumaça.

Logo no início da praça já podia ver o incêndio na Loja Bandeirantes, que fica no número 13, perto da entrada do metrô. Fui o primeiro repórter a chegar lá - e olha que nem sou formado. Após conferir algumas informações preliminares com a polícia e os bombeiros, liguei pra redação. O lugar estava isolado, o acesso restrito às equipes de salvamento, polícia e imprensa.

Pouco depois chegam os primeiros coleguinhas, depois outros e mais outros, inclusive do jornal. A falta de vítimas fez com que muitos começassem a desejar ir embora, muitos alegavam que a história não renderia mais do que um colunão.

Uma hora, refestelados na escada do metrô e no entorno, ouvimos um chamado da multidão:

"Moço, dá pra chegar um pouquinho mais pra lá, tá estragando a foto!"

Era uma mulher com uma touca do Flamengo e câmera digital em posição de disparar. Constrangido e surpreso, dei dois passos pro lado, ganhando a simpatia da proto-fotógrafa.

"Depois a gente que é chamado de urubu", reclamou um fotógrafo, este devidamente credenciado.

Aí que fui reparar na turba ao redor. Todos apontavam celulares, máquinas, I Pods e bugigangas mil para o incêndio. Um dos "curiosos" se apresentou a mim como estudante de jornalismo da Estácio: queria me vender as fotos que tirou no seu celular. Mal sabia que eu sou o elo mais fraco da cadeia.

Horas de fogo intenso depois, tiros do outro lado da praça. Equipes remanescentes correm para lá. Ensaio uma corridinha em direção à confusão. Briga de torcida. Rubro-negros reclamando que homens do Core teriam atirado na sua direção.

Não valia a pena, no máximo um colunão. Voltei pra casa.

3 comentários:

Siron disse...

Vida difícil, hein, meu caro?!

Camila disse...

bernardo, q nerd! vc foi cobrir um incêndio por livre e espontânea vontade? q estranho!

Mônica e Everton disse...

Vem cá ... nada mais interessante pra fazer, não?