segunda-feira

Reflexos

Os óculos escuros do pai fascinavam o menino.

Estavam sempre lá, pendurados no peito, presos à gola da camisa dele; balançavam quando se abraçavam, e se moviam sempre para lá e para cá. O movimento era muito rápido, suave...quase hipnótico.

Na primeira oportunidade, o menino pegava-os entre seus dedos e examinava-os. Quem sabe, buscando alguma resposta para aquele fascínio por trás das lentes escuras, das hastes pretas, daquela estranha marca vermelha e branca que ficava nas laterais.

Procurava entendê-los, quem sabe; virava-os do avesso, de cabeça para baixo, o colocava no braço do sofá, em cima da mesa, na beira do vaso de plantas. Depois, em si próprio e no próprio pai. E tirava de novo, e examinava, e buscava entender algo tão simples. Olhava bem para ele...

E se via refletido nele...naquelas lentes cinza-escuras.

O pai achava graça, ria, procurava mostrar o óculos. "Tá com o óculos do pai?"

A pergunta soa óbvia, mas parecia cheia de orgulho para o menino. E ele punha em si mesmo, e tirava de novo, e colocava na própria gola de sua pequena camiseta, e por fim o largava em um canto qualquer da casa, distraído com outros brinquedos e outros pensamentos.

Até o momento em que o pai pegava-os de volta, colocava em si mesmo - ou na gola da camisa, ou no alto da cabeça - e ia embora...

***

O tempo passou. O menino virou homem, cresceu. E sem se dar conta, comprou seu próprio óculos escuro - seja no singular ou no plural, o que ele menos queria saber era do português. Queria seu próprio óculos.

Mas já não havia o mesmo fascínio, o mesmo olhar de antes, a mesma empolgação. A mesma curiosidade, o mesmo exame, tentando entender algo tão simples. Comprara o óculos para...para...para que, mesmo? Nem ele próprio sabia direito.

E o óculos ficou lá, jogado em um canto da casa, guardado no estojo. Como mais da metade das coisas em seu quarto. Como mais da metade das coisas em sua vida.

Até o dia em que o sol o chamou, e o "menino" se lembrou de seu "velho" óculos. Respirou. Tinha um. Seria útil agora.

Abriu o estojo, colocou no rosto, se olhou no espelho. Perfeito. E lá foi ele atrás do sol.

Foi e voltou. Mas o dever o chamava, e lá foi ele de novo. Desta vez, se lembrou do "velho", e foi com ele. No caminho, tirou o óculos para enxugar o suor do rosto...e olhou bem para ele...

E se viu refletido naquelas lentes cinza-escuras.

"Tá com o óculos do pai?", perguntou uma voz em sua cabeça.

"Não, esse aqui é meu", respondeu ele para si mesmo. "Eu agora tenho o meu próprio."

E depois de examinar o óculos atentamente, virá-lo de cabeça para baixo, olhar a marca e o reflexo, enxugou o suor do rosto, botou o óculos de novo, e seguiu seu caminho.

quinta-feira

Conversa de bêbados.

Me dá um cigarro?

O pronome anda errado. Mas tome aqui o seu cigarro.

Abriu o pacote de Derby amarelo, como se diz no interior, novo que nem era triste como a noite caminhava.

Ele o abraçou como se fosse o seu salvador. Daquela noite que nem era madrugada. Ele o salvou.

Obrigado. Obrigado.

Repetia infinitamente o agradecido.

Eu trabalho no posto. Quando o senhor precisar de trocar uma pastilha de freios eu troco. O senhor compre as pastilhas. Mas eu não cobro nada pra trocar. Faço isso pro senhor que é meu parceiro.

Bom dia! O que mesmo o jovem faz?

Perguntava tranquilamente o médico das automobilidades. Ele iria examinar para saber se tenho as condições de dirigir. A carta de motorista andava vencida. Pelo uso. Pelo tempo que passa.

Faço cinema.

Nossa! Cinema? Mas é difícil isso por aqui nessa cidade tão pequena.

É.

Examinou. Sentenciou.

O senhor enxerga pouco nessa do lado direito.

É. Só enxergo bem com a esquerda. Marxismo puro.

É. O senhor enxerga de vultos. Mas... o senhor não precisa de dificuldades. Está aprovado. Vá em frente. Cinema?

Cinema!

domingo

Conto de domingo.

Domingo. Apartamento. Preguiça. Sol. Sol. Preguiça. Ensolarado. Domingo. Bike. Metrô. Bike. Cantagalo. Sol. Abacaxi. Suco. Bike. Sol. Ipanema. Leblon. Linda. Lindas. Coleção. Linda. Sol. Mar. Leblon. Morro. Irmãos. Tio. Tia. Sol. Ipanema. Posto. Nove. Arpoador. Arpoar. Seduzir. Sol. Curva. Copacabana. Copacabana. Palace. Bike. Água. Bike. Curva. Botafogo. Cristo. Cristo. Cristo! Enseada. Vírgula. Sinal. Ponto. Vírgula. Linda. Morena. Olhou. Linda. Curva. Monumento. Curva. Pão. Açúcar. Pão. Açúcar. Barco. Leve. Vento. Barco. Regata. Praia. Bosque. Burle. Marx. Falei. Sozinho. Falta. Marx. Parque. Domingo. Família. Tio. Tia. Bike. Água. Coqueiro. Aterro. Desaterro. Mar. Inunda. Vento. Leve. Vento. Mundo. Novo. Hotel. Glória. Marina. Cristo. Barco. Ir. Ilha. Desconhecida. Marina. Glória. Pracinhas. Monumento. Bike. MAM. Arte. Interrogação. Virgula. Dois. Pontos. Pausa. Barco. Pausa. Desenfado. Alonga. Água. Leve. Brisa. Caminhada. Cinema. Cinelândia. Odeon. Pausa. Passado. Caminho. Teatro. Municipal. Theatro. Pausa. Bike. Metrô. Bike. Domingo. Apartamento. Banho. Domingo. Pausa. Desenfado.

Pequenas histórias e outros objetos pontiagudos.

O negócio é que o calor estava no limite do impossível para uma sobrevida – mínima. Deveria desistir das atropelações do futuro e entregar meu corpo numa decadência da alma. Desagregado eu sobreviveria. Longe do front e no maior deserto de mim.

Decidi botar pra foder com o resto de oxigênio restante. Eu não sei se era mesmo aquele sonho de infância – bizarro – onde nada nesse deserto de hoje sobraria. As camas caiam na vertical – alucinadas. Para um infinito inferno sob o chão da sala de estar – mínima. Do corredor mínimo.

Decidi botar pra foder. Vamos ouvir alguma psicodelia alternativa. Quero ver ondas sonoras.

Ela acordou suada de amor. Linda. Levantou nas maiores das decisões. Decidida. Catou minhas canetas que eu espalho pela casa. Meus blocos de papel com pequenos fragmentos. Pequenas histórias. Eram muitos. Catou todos.

- Eu preciso escrever!
- E... eu... preciso te esquecer.

A nicotina que já não habita mais por aqui fez-se necessária. Mas era longe e o ônibus ia demorar até o dia vir. Era frio. Era frio como no começo. Era laranja. Era madrugada.

BAIXA - Ou a história da morena logo ali.

Explicação necessária:

Decido publicar esse texto pois senti saudade.

Era algo assim que pensei pra começar o texto. Rasgo a primeira folha do bloco que comprei. Brega. Começo novamente o texto:

Decido publicar esse texto pois o considero sensacional do ponto de vista da minha literatura.

Volto de novo ao bloco. Idiota.

Alguns bons meses me separam desse texto. Andava com um bloquinho pelas escadas rolantes da estação de metro mais interessante de Lisboa. Interessante pela boemia. Pelos olhares. Cerveja barata. Tudo isso muito perto. Bastava subir as escadas. Uma caminhada de poucos minutos. Andando sem pressa. Pressa fica sempre em casa. Queria que essa coisa se transformasse em um filme.

Quem sabe um dia.

Gosto das locações que criam as situações. O texto surge pois existe algo neste lugar. É preciso estar atento.

Dois amigos se encontram em Lisboa. Conversam ao longo da caminhada que vai os levar à praça Camões, ao pé do Bairro Alto. Ao pé de seus desejos de noite que começa. Eles conversam e caminham. E é tudo.

Senti saudade.
Gosto do texto.

BAIXA

PERSONAGENS

MARCELO

THIAGO

Plataforma do Metro Lisboa, estação Baixa-Chiado.

Marcelo - vinte e poucos anos, calça jeans e camiseta colorida, usa um All Star e está com uma mochila pequena.

Marcelo sai do Metro e começa a subir as escadas para chegar à plataforma superior da Estação. Encontra Thiago que está esperando na parte superior da plataforma.

Thiago - Vinte e poucos anos, calça jeans e camiseta de botão, usa um tênis adidas surrado.


MARCELO

Estou atrasado como sempre.
THIAGO

Relaxa que isso é normal com você.

Os dois começam a andar na plataforma em direção às roletas.

MARCELO

Mas você sabe que não costumo me atrasar para essas coisas de trabalho. Pensando bem, hoje, eu vou faltar essa coisa. Vamos sair e fumar um cigarro e a gente pensa o que faz.

THIAGO

Você perdeu a cabeça novamente, continua fumando e ainda vai faltar o trabalho.

MARCELO

Vai me regular como sempre? É o seguinte vamos fumar um cigarro e pronto. Preciso conversar, estou muito tenso com esse trabalho. Parece que estou fazendo um intensivo existencial nesse lugar.

THIAGO

Realmente o lugar onde você trabalha é bizarro.

MARCELO

Mas vamos falar de outra coisa... faz tanto tempo que a gente não se vê, que não faz sentido falar disso agora.

THIAGO

É.

THIAGO

E os roteiros continua escrevendo?

MARCELO

Continuo... mas não te envio por conta desse tal existencialismo. Mas deixa pra lá!

Thiago balança a cabeça em sinal de reprovação e sorri.

MARCELO

No mais eu nunca posso escrever um roteiro de cinema. Nunca posso usar armas, bombas e perseguições de carros. Fica sempre nessa mesma de dois amigos que se encontram em algum lugar e no final algo bizarro acontece, mas rola uma suspensão na narrativa que deixa a coisa meio com dois sentidos e na verdade eu tou é fazendo as coisas dentro dos meus limites de produção: Cineasta em formação, duro e sem saco pra produzir uma complexidadezinha sequer.

THIAGO

Eita, mas não muda nunca e já estamos entrando no existencialismo, Freud e essas coisas todas que você fica citando e não serve de nada. Agora eu realmente acho que a gente deve fumar um cigarro e relaxar. Sim, sim eu sei, eu não fumo, mas te acompanho pois sei que você precisa. Estou de férias mesmo. Posso fazer o que eu quiser e depois volto.

MARCELO

Eu ainda fico aqui um bom ano.

THIAGO

Está bom?

MARCELO

Fantástico!

Começam a subir as escadas rolantes. Silêncio. Começam a falar depois que pisam no primeiro degrau.

MARCELO
Eu sempre penso em um assassinato nessas escadas.

THIAGO

Outra paranóia.

Silencio entre os dois.

THIAGO

Mas eu gosto dos seus assassinatos, desde que, você não queira passar isso pra vida real.

MARCELO

Nem vou tentar, apesar do existencialismo e da falta de opção nos roteiros eu acho que isso tudo é balela. Na verdade eu estou bem.

Silêncio novamente, os dois chegam ao segundo lance das Rolantes escadas.

MARCELO

Um minuto e 18 segundos para subir essas escadas.

THIAGO

Como você sabe essa merda?

Marcelo

Responde rispidamente sem olhar para Thiago.

Cronometro.

THIAGO

Sim... sim... desses de celular.

MARCELO

A gente perde muito tempo nos transportes, nunca é produtivo isso. Uma cidade perfeita que você vai de um lado para outro em milésimos de segundo, não perde tempo com as coisas idiotas, não vai ao mercado, tudo é rápido como na Caucânia do Musil

THIAGO

De forma ríspida

E maquinas de suicídio como no futurama.

MARCELO

Eita, macho! relaxa.

THIAGO

Que dialeto você está falando? Estou com você a alguns dias e já peguei isso.

MARCELO

É estou convivendo com muita gente diferente e com a mesma língua portuguesa de sempre. É bom.

THIAGO

Sorrindo.

Um minuto e 18 segundos.

MARCELO

Acabamos as escadas. Ainda tem mais.

Escadas da saída.

THIAGO

Mais um pouco.

MARCELO

Fez o que ontem?

THIAGO

Praia.

MARCELO

Eu apertei os mesmos botões de sempre.

THIAGO

Vamos acabar de subir isso e ficamos perto do Fernandinho.

MARCELO

Ah, sim, o pessoa. Vamos tirar uma foto?

THIAGO

Nem fudendo.

Saída do metro, Marcelo encosta na parede do metro. Tira o pacote de cigarros da mochila. Abre o pacote e bate duas vezes na carteira com a ponta do cigarro. Olha delicadamente para o cigarro e acende o cigarro com um isqueiro cromado Zippo.


THIAGO

A mesma mania de acender o cigarro como o Jack Nicholson em Chinatown.

MARCELO

É só pra te irritar. Saudades de você seu merda.

THIAGO

Eu sei

Marcelo traga delicadamente o cigarro.

MARCELO

Sou operador de telemarketing. Tenho dois botões a minha frente. Um diz sim. O outro diz não. Mas tenho 12 intervalos de um minuto para beber água.

THIAGO

Impossível fazer isso.

MARCELO

Eu fiz, tava de ressaca. Mas poderia fazer 24 intervalos de 30 segundos. Esse é meu objetivo. Um minuto pra beber agua é muito tempo.

THIAGO

Eu prefiro ser operador de Pare e Siga, a ser essa coisa de dois botões que você diz. Rola uma emoção e ainda pode ser que você vire um psicopata destruindo carros, colocando a placa errada.

MARCELO

Operador de Pare e Siga! Que porra é essa?

THIAGO

É aquele cara que fica na estrada em construção com uma plaquinha (pare e siga) para orientar os carros.

MARCELO

Responde sorrindo.

É muita emoção esse cargo.

THIAGO

Morena bonita essa eim?

Marcelo

Sim, sim...

Silêncio ao ver a morena passar. Marcelo traga mais uma vez o cigarro. Silêncio entre os dois. Os dois se olham..Olham o Fernando Pessoa e um turista a tirar fotos abraçado na estátua. Olham o restaurante "À brasileira!"


THIAGO

Ainda continua odiando o Bergmam?

MARCELO

Claro, claro! Mas eu não odeio o cara. Apenas acho ele pesado demais.

THIAGO

É património da humanidade pela UNESCO.

MARCELO

Grandes merdas, fico com o Antonioni.

THIAGO

Eita! Você não muda.

MARCELO

Ele é sueco.

THIAGO
E o que tem isso a ver?

MARCELO
Não gosto dos suecos.

Thiago faz um gesto interrogativo.

MARCELO

Uma menina que estava comigo gostava mais de suecos. Foi difícil convencer ela. Não gosto de suecos.

THIAGO

Essas suas afirmações categóricas que não querem dizer o que você pensa apenas para dar um ar de graça... E a mulher te trocou por suecos... Fique só com o Antonioni mesmo.

MARCELO

Engraçado isso, não sei nada sobre eles..

THIAGO

Boa!

Silêncio entre os dois e Marcelo dá mais um trago no cigarro.

THIAGO

Vamos pra onde?

MARCELO

Te mostro um mirante logo ali.

THIAGO

Acaba o cigarro.

MARCELO

Sim, sim.

THIAGO

Morena linda de novo.

Marcelo traga mais uma vez o cigarro, os dois levantam e começam a caminhar.

terça-feira

O homem sem qualidades

“E como a posse de qualidades pressupõe uma certa alegria pela sua realidade, é legítimo prever que alguém a quem falte o sentido de realidade até em relação a si próprio possa um belo dia, sem saber como, encarar-se como um homem sem qualidades.” Robert Musil.

Um homem conhece qualquer cidade do mundo pelos passos. Hoje ando procurando citações já que minha vida tem virado fragmentos. Roubo mesmo. Musil pensava em seu homem sem qualidades que vivia em Viena.

Quando abri os olhos eu estava novamente em uma festa. O lugar que interessa. Flerte. Blefe. Não olhei os passos. Demorei para reconhecer a cidade. Pelo frio, pelo céu, pela lua e o conhaque eu estava na capital do império Austro-Húngaro.

As pilastras do palacete me iludiam o frio e a luz de Viena. Decido aceder um pouco ao convívio. As roupas e as cores tinham que trazer as respostas, já que não olho para o chão. As bocas vermelhas. O batom que não se usa mais.

Bocas lindas. Uma coleção delas me ouvia. Eu estava confundido de sentidos. Preciso olhar um pouco mais. Olho e vejo o Redentor. A lua.

Quanta distancia eu delirei em duas cervejas.

Era festa das grandes. Iluminada.

Eu queria ser Tom Wolf e andar por festas com Andy Warhol. Festas numa NY qualquer. Quero a verdade da burguesia dançante. Flerte. Blefe.

Ela estava linda. Não ligava. Não notava. Sentada à beira da piscina: sonhava. Olhava movimento e luz. Arrumava o cabelo. Não me notava. Conversei na mais interessante das vontades e vantagens. Não olhava. Era de silêncio.

A piscina era outro além. Coberta de uma neve estranha para um Rio de Janeiro, servia, para, nos meus instantes de realidade, fingir Viena. Mas era longe. Frio.

Ela silêncio.

De outra festa vinha a moça do vestido amarelo. Os assistentes do artista. Eles vieram comemorar a folga. Hoje não ilumino nada. Eu cumprimentava as pessoas fingindo importante.

A normalidade fora interrompida por um Tibum. Microondas e videocassetes voavam. Surreal e melancólico. A multidão enlouquecida com a modernidade liquida.

As bocas vermelhas sumiram. Só uma boca vermelha me interessa.

Musica não tocou. Era frio. E o que sobrava do movimento rápido do tocador de discos congelava. As ondas não chegavam longe. Não havia música. Só movimento. Como se toda intelligentsia estivesse satisfeita e burguesa. Todos em seu delírio de solidão. Ninguém mentia. Eu não mentia o que era realmente raro. Não sei se era por conta da sombra de Glauber, quem vem dando o tom dessas festas, que gritava eternamente sua terra em transe nesse Parque Laje que eu menti Viena. Ninguém mentia.

As bocas vermelhas lembravam um tempo passado onde todos se amavam, se encostavam, pagavam peitinho e se jogavam na piscina. Tempo passado. Microondas voam e ninguém ama. Hoje não há vontades. Ninguém se joga. Microondas voam e Glauber delira. Ninguém beija.

As bocas vermelhas decidiram: vamos nos vender no mercado. Deixamos a consciência dos Parangolés, seus movimentos e cores, trancados no Parque Laje e sem sua força de Rua! Pra rua nos vender no mercado. A festa tinha que começar.