segunda-feira

Geração Copy Cola

A Internet tomou conta do mundo. É hipocrisia afirmar isso? Talvez sim. Mas atualmente é difícil você conhecer alguém que não tem e-mail ou nunca riu dos vídeos do youtube. É impossível negar que a “grande rede” mudou nossas vidas. Atualmente tudo pode ser feito pela internet, isso nos ajuda por um lado e atrapalha por outro. Será que estamos ficando mais burros com ela? Ou não estamos sabendo usá-la? Essa semana tive em mãos dois trabalhos acadêmicos feitos por grupos diferentes. Para minha surpresa (ou não) os dois eram exatamente iguais. Puts, os caras não tiveram o trabalho nem de mudar o título. O fácil acesso e a comodidade levaram a criação de uma nova geração, a geração Copy Cola. Geração essa que por ter o mundo na tela do seu computador, acha que é dono dele. Um trabalho escolar, que era atividade árdua do dia-dia dos alunos ficou resumida em apenas dois comandos: Ctrl-C e Ctrl V.

O que fazer os professores diante desse problema? Alguns não ligam, outros voltaram às antigas e exigem o trabalho redigido a caneta (o que na minha opinião é tortura), a verdade é que os próprios adeptos dessa geração que cada dia que passa vai conquistando mais membros, mesmo achando que não, são os mais vulneráveis nesta história. Ás vezes nem lembra de como é excitante viajar nas páginas de um livro, ou mesmo do prazer de fazer um simples recorte de jornal ou revista. Vai muito mais do que isso. Apenas o fato de eles concluírem um “bom trabalho”, feito pela internet, não quer dizer que eles chegarão a ser bons profissionais.

Enfim, todos estamos propícios a esse vício. Vale lembrar de suas conseqüências. Mais o importante mesmo é usar os benefícios que a Internet nos proporciona, não apenas usá-la como forma ilusória para um caminho mais rápido ao sucesso. E se o gênio / popstar Renato Russo estivesse vivo? Será que ele cantaria esse refrão?

“Somos os filhos da revolução; Somos burgueses sem religiãoSomos o futuro da nação:
Geração Copy-Cola, Geração Copy-Cola”

Um comentário:

ONG Novos Curupiras disse...

Prezados,
Escrevi sexta-passada o texto abaixo. Hoje, segunda, minha curiosidade atiçou e fui ao google. Pesquisei o título que dei ao texto: Geração Copia-cola... Pra minha surpresa, encontrei, dentre outros este blog!
Cara, é isso aí! Geração Copy cola!
Leiam o texto:
Geração copia-cola.
Carlos Gondim (*)

Ninguém duvida do estupendo avanço da ciência da comunicação com a invenção do computador e da internet. Da mesma forma ninguém pode desconsiderar a importância que estes dois grandes inventos têm para a educação, dentre muitos outros ramos das atividades humanas. Talvez não seja absurdo afirmar que no mundo atual, pouquíssimas coisas não sofrem de alguma forma, influência dos computadores e da internet. São assim o computador e a internet certamente as duas grandes invenções dos últimos séculos.
Algumas décadas passadas, por exemplo, as escolas e universidades para reproduzir algum texto, ou prova usavam o mimeógrafo. Alguns estudantes para elaborarem seus trabalhos usavam as máquinas de escrever. Primeiro as manuais, depois as elétricas e eletrônicas. Fazia-se curso de datilografia para enriquecer o currículo. Com o advento das máquinas copiadoras, cuja marca, passou a identificar o serviço de reprodução, abriu-se um universo todo para a cópia de textos impressos ou manuscritos. Obras inteiras copiadas. Instalou-se a “indústria” da pirataria, do crime aos direitos autorais. As máquinas copiadoras tornaram-se vizinhas quase obrigatórias de escolas, colégios, cursinhos, faculdades e universidades, além é claro, dos cartórios e repartições públicas.
Sempre ouvi dizer que a ciência busca a libertação do homem de tarefas rotineiras e mecânicas... como ligar-desligar, acender-apagar e assim por diante... Iria sobrar-lhes mais tempo para o exercício mental da criação, do inventar, do inovar. Para executar as tarefas mundanas, a máquina. E o homem cresceria como ser.
Contudo, nestes últimos anos, com a rápida popularização dos computadores e o crescente acesso das pessoas especialmente estudantes, a essa máquina e à rede mundial de computadores, um fato estranho e a meu ver altamente prejudicial para a formação intelectual dos jovens passou a acontecer. O uso indiscriminado de um recurso banal: copiar – colar... Ctrl C e Ctrl V. Textos inteiros são copiados e colados em trabalhos, como se fossem de suas autorias. Trabalhos de avaliações escolares aparentemente esmerados, porém, inteiramente copiados e colados. Universitários esquecem-se ou desconhecem ou deliberadamente não aplicam as normas técnicas de citação bibliográfica. E haja Ctrl C e Ctrl V!
E a criação, e a inovação onde estarão guardadas nos neurônios cintilantes dos jovens copiadores e coladores? A elaboração do novo conhecimento, em que tecla do computador ela se esconderia? Penso que esteja sendo criada a geração do copia – cola. Que futuro terá pela frente?
Sorte que existe a tecla Del e o atalho Ctrl + Alt + Del!




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(*) O autor é engenheiro agrônomo, mestre em Ecologia e professor da Universidade Federal Rural da Amazônia, UFRA. E-mail: carlos.gondim@pesquisador.cnpq.br

"Para fazer isso, usei o Ctrl C e Ctrl V!!! Rá, rá, rá!
Abraço,
Carlos Gondim.