domingo

Tropa de elite: licença para matar.

Depois de muito ouvir falar sobre o filme que retrata a realidade do Batalhão de Operações Especiais da PM-RJ, chegou em minhas mãos uma versão pirata do filme. Após refletir bastante sobre a possibilidade de assistir ou não, decidi ver, pois estava ansioso pelo filme que merecia o Oscar, segundo o comandante da polícia.

Desde o início, fica bem claro o seguinte: o Bope não está de brincadeira. Quando o Bope entra no morro é para deixar corpo no chão. O efetivo deste batalhão não rouba, não compactua com criminoso, apenas mata. O capitão Nascimento é cabra bom, honesto, pai de família, cheio dos problemas psicológicos. Quem imaginar que seja devido à quantidade de gente que ele mata por operação, engana-se. Suas questões internas devem-se apenas ao fato de trabalhar sempre ao lado da morte. Sabe obviamente que, a qualquer momento, pode ser ele o próximo. E, por conseguinte, seu filho recém-nascido pode ficar órfão.

O roteiro claramente foi escrito por alguém do Bope. A visão é de quem sobe o morro, e não de quem vive lá. A visão é de quem trabalha no batalhão e não de quem sofre as conseqüências e sustenta o trabalho sanguinário. No filme, morrem dois policiais e um fica ferido, e uns trinta traficantes são friamente executados. O comandante da PM afirmou que o filme é uma ficção, mas, neste ponto, aproxima-se bem da realidade das incursões da polícia (quem não se lembra dos números do Alemão ou da Vila Cruzeiro?).

De fato, o filme é um aviso para a classe média. O argumento: apertamos o gatilho, mas quem atira é você, viciado. A justificativa: o tráfico de drogas é fora da lei e essas pessoas têm armas, logo têm que morrer. O resultado: a polícia mais sanguinária do mundo, cujas vítimas são todas negras, moradoras de favela, pobres.

Este é o pacto que a sociedade carioca fez com seus pitbulls. Treinados para matar e não para estudar, atiram para manter a ordem. Na faculdade, o capitão Matias estuda Foucault, faz um trabalho sobre a obra Vigiar e Punir. Vê-se logo que não aprendeu nada do livro do grande mestre, e, nas próprias palavras do Nascimento, só se tornou policial quando esqueceu a Academia e se tornou um assassino. Mas não rouba, não tem esquema, não é corrupto... seu hobby preferido: subir na favela e deixar corpo no chão!


No própio filme, o capitão Nascimento afirma que estamos em guerra, mas não diz contra quem. Contra a favela? Contra o tráfico? Estamos pior do que numa situação de guerra. O Bope invade a favela sozinho, desrespeita qualquer tipo de lei marcial, de direitos humanos... A cidadania agoniza a cada vez que a" caveira" aparece.


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