quinta-feira

Conversa de bêbados.

Me dá um cigarro?

O pronome anda errado. Mas tome aqui o seu cigarro.

Abriu o pacote de Derby amarelo, como se diz no interior, novo que nem era triste como a noite caminhava.

Ele o abraçou como se fosse o seu salvador. Daquela noite que nem era madrugada. Ele o salvou.

Obrigado. Obrigado.

Repetia infinitamente o agradecido.

Eu trabalho no posto. Quando o senhor precisar de trocar uma pastilha de freios eu troco. O senhor compre as pastilhas. Mas eu não cobro nada pra trocar. Faço isso pro senhor que é meu parceiro.

Bom dia! O que mesmo o jovem faz?

Perguntava tranquilamente o médico das automobilidades. Ele iria examinar para saber se tenho as condições de dirigir. A carta de motorista andava vencida. Pelo uso. Pelo tempo que passa.

Faço cinema.

Nossa! Cinema? Mas é difícil isso por aqui nessa cidade tão pequena.

É.

Examinou. Sentenciou.

O senhor enxerga pouco nessa do lado direito.

É. Só enxergo bem com a esquerda. Marxismo puro.

É. O senhor enxerga de vultos. Mas... o senhor não precisa de dificuldades. Está aprovado. Vá em frente. Cinema?

Cinema!

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