terça-feira

Deolinda - espantar a tristeza com alegria.

Um dia desses um amigo perguntou se eu ainda continuo sem ouvir música. Eu disse que agora eu escuto. Tenho uma certa falta de equipamentos eletrônicos. Tenho uns novos amigos. Que me dão pirataria. Coisa boa, muamba internacional. Fora isso, não vou à shows. Pelo mesmo motivo da falta de equipamentos eletrônicos.

Resolvo ir à Fnac, aqui perto de casa, show de graça, olho uns livros, sento na frente, espero atentamente.

A moça com o microfone:

- Aumenta um pouco aqui. Aumenta que não estou a ouvir. Aumenta que eu me tenho só nas laterais, um pouco mais aqui. Aqui na frente. Agora está bom. Mas não sei. Razoável. Não consigo entender, mas sabe, está um pouco agreste.

Em se tratando de artistas, a moça parecia que gostava muito da própria voz. Mas não consegui realmente entender o que seria um som agreste. Mas eu confiava nela. Moça bonita, vestida na simplicidade. Era apenas a passagem de som. Eu já conhecia o tom engraçado de algumas letras. Mas não confio muito nos eletrônicos. Queria mesmo ver como era dança a voz da moça.

Ela se troca. Arranja com ironia os músicos ao seu redor. Não é cantora de fado. Essa se for está ao lado. Ana Bacalhau. Não há fato preto. A moça jogou os guitarristas pra trás. A moça conseguiu um contrabaixista empolgado. Todos um tanto quanto alegres para a lisboeta situação.

O microfone agreste está ajustado. O show começa. A moça perturba meus tímpanos desacreditados na arte. A moça encanta. Espanta a tristeza característica do lugar, traz a tona um mundo de detalhes portugueses que passariam despercebidos. A moça canta. E a coisa é forte, contagia os poucos braços que mexiam, agora se empolgam a contradizer o lugar. A moça cantou. E eu saio feliz de um dia de fado alegre, não conseguiria definir melhor o que eles fazem.

Deolinda é isso. É piada. É música encorpada. Agreste.

O serviço:



http://www.myspace.com/deolindalisboa

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